Nos últimos anos, a questão do choque de aves com aviões tem se tornado um desafio crescente para a aviação mundial, principalmente em aeroportos que estão localizados próximos a áreas naturais. O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, tem adotado soluções inovadoras para minimizar esse risco, utilizando uma combinação de falcões, gaviões e até fogos de artifício para afastar aves da pista. Essas práticas têm sido implementadas pela Fraport, concessionária responsável pela administração do aeroporto, que busca garantir a segurança das operações aéreas.
A situação começou a se agravar após a enchente de maio de 2024, que causou o fechamento temporário do aeroporto e reduziu o tráfego aéreo. Com a reabertura e a diminuição da movimentação de aeronaves, as aves e outros animais silvestres retornaram em grande número às áreas próximas ao terminal. Esse aumento no número de animais representa um risco sério para a aviação, já que as colisões entre aves e aviões podem ser fatais ou causar danos consideráveis às aeronaves.
Para resolver esse problema, a Fraport tomou medidas contundentes. Desde junho de 2024, a empresa tem intensificado as ações de gerenciamento do risco de fauna, que incluem a utilização de falcões e gaviões treinados para capturar e afastar as aves da área do aeroporto. Essas aves de rapina são particularmente eficazes no controle de espécies como quero-quero, marreca e maçarico, que apresentam risco direto às operações do aeroporto.
Além dos falcões e gaviões, a Fraport também utiliza fogos de artifício como uma estratégia para espantar as aves. O barulho causado pelos fogos faz com que as aves se afastem imediatamente da área, reduzindo o risco de colisões com aeronaves. Embora o uso de fogos de artifício seja uma técnica controversa em algumas regiões, a Fraport garante que os artefatos utilizados não ultrapassam os limites de decibéis estipulados pela legislação local e que são seguros para a fauna e para a população ao redor do aeroporto.
De acordo com dados fornecidos pela concessionária, entre junho e setembro de 2024, foram retirados 548 animais da área operacional do aeroporto, sendo 253 carcaças e 295 animais vivos, que foram transportados para áreas seguras. Essa ação contínua de remoção e resgaste de animais é uma das várias iniciativas implementadas para garantir a segurança e o bem-estar da fauna, sem comprometer as operações do aeroporto.
Em conjunto com as ações de captura e afugentamento, a Fraport também realiza monitoramento constante da fauna ao redor do aeroporto. Vistorias regulares são feitas para identificar focos de atração de animais, como áreas verdes que podem servir de abrigo ou alimentação para as aves. Além disso, dispositivos acústicos de alta potência foram instalados na região, emitindo frequências sonoras para aumentar a eficácia da dispersão das aves sem causar estresse excessivo aos animais.
As técnicas utilizadas no Aeroporto de Porto Alegre se alinham com as práticas adotadas por outros aeroportos ao redor do mundo, que também enfrentam o desafio de lidar com a fauna ao redor das pistas. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) registra anualmente mais de 2.000 colisões entre animais e aeronaves no Brasil, o que demonstra a importância de estratégias eficazes para reduzir esses incidentes. Essas medidas de mitigação são essenciais para proteger tanto a segurança dos passageiros quanto a integridade das aeronaves.
Em resposta a esses desafios, o Ministério de Portos e Aeroportos do Brasil lançou em 2024 a Base Nacional de Informações de Medidas de Mitigação do Risco de Fauna, uma plataforma que reúne as melhores práticas adotadas pelos aeroportos brasileiros para lidar com a fauna. A base de dados já conta com mais de 5.000 medidas relacionadas a 122 espécies, incluindo aves, mamíferos e répteis, fornecendo um banco de informações valioso para a implementação de ações preventivas em todo o país.
Por fim, a combinação de falcões, gaviões e fogos de artifício no Aeroporto Internacional Salgado Filho é um exemplo claro de como a inovação e a adaptação a novas soluções podem ajudar a resolver um problema complexo. O uso dessas técnicas, juntamente com o monitoramento contínuo da fauna e o cumprimento rigoroso da legislação, tem contribuído para a redução significativa do risco de choque de aves com aviões, promovendo um ambiente mais seguro para a aviação e para os animais ao redor do aeroporto.
Autor: Bailey Aschimdt
Fonte: Assessoria de Comunicação da Saftec Digital