Prova Brasil: avanços nos estados

bailey aschimdt
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Este é o sexto post de uma série realizada com base no Relatório Prova Brasil 2019 produzido pela consultoria IDados

Primeiro, vamos aos dados: entre 2005 e 2019, houve um ganho de 45,3 pontos em Matemática nas redes públicas (séries iniciais) e 25,6 nas séries finais. Interessa saber: (a) quais estados aumentaram muito além da média e (b) em que posição se encontram em relação à média atual. A primeira resposta nos indica onde há maior esforço para melhorar. A segunda indica se a melhoria é suficiente para colocar o estado numa posição confortável.

Esses dados são apresentados aqui e aqui.

Nas séries iniciais, 5 estados melhoraram 10 pontos além da média: Ceará, Piauí, Acre, Alagoas e São Paulo. Desses 5 estados, apenas Piauí e Alagoas continuam abaixo da média nacional. E, dentre esses, apenas São Paulo se encontrava entre os 5 melhores em 2005. Ceará, Piauí e Alagoas encontravam-se em situação semelhante em 2005.

Nas séries finais, Ceará, Piauí, Alagoas, Pernambuco e Tocantins melhoraram 10 pontos acima da média. Desses 5 estados, apenas Ceará e Piauí encontram-se acima da média das redes públicas. E nenhum deles se encontrava entre os 5 melhores em 2005 – ao contrário, encontravam-se entre os piores.

Moral da história:

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Primeiro: Os estados com melhor desempenho em 2019 são os mesmos que já tinham melhor desempenho em 2005, à exceção do Ceará. O resultado atual reflete mais variáveis socioeconômicas do que esforços específicos de melhoria: estavam melhor, continuam melhor.

Segundo: O Ceará é exceção nas séries iniciais e nas séries finais. E nos dois casos situa-se acima da média nacional, mas não muito acima. Há enorme terreno a ser percorrido nos dois níveis.

Terceiro: Apesar dos avanços, estados como Piauí e Alagoas não conseguiram chegar sequer à linha da mediocridade. O nível de desempenho ainda não dá sinais de que uma estratégia pedagógica robusta esteja em curso.

Quarto: A evidência sobre tipos e impacto de reformas educativas, no mundo, sugere que: (a) reformas eficazes tendem a produzir resultados em prazos relativamente curtos; e que (b) a eficácia de uma reforma depende do nível de desempenho de um sistema educacional, o que funcionou num estágio inicial dificilmente funcionará nas etapas seguintes.

Isso sugere que, num caso como o do Ceará, serão necessárias novas estratégias para um novo salto de qualidade. E, no caso de estados como Alagoas e Piauí, talvez as estratégias em curso ainda não tenham sido implementadas de forma adequada em número significativo de escolas e municípios.

 

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