Polícia Federal cumpre ordens de busca e apreensão na casa de prefeito gaúcho flagrado com meio milhão de reais em aeroporto

bailey aschimdt
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Passados dez dias desde que foi flagrado com R$ 505 mil em cédulas em sua bagagem de mão no Aeroporto de Congonhas (SP), nesta segunda-feira (6) o prefeito da cidade gaúcha de Cerro Grande do Sul (Região Nordeste do Estado), Gilmar “Gringo” Alba (PSL) foi alvo de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF). Ele também deve ser ouvido sobre a origem do dinheiro.

Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito do inquérito sobre a organização e financiamento de atos antidemocráticos para o feriado deste terça-feira (7), Dia da Independência.

Alba não foi o único a entrar na mira da operação. Foram decretados a prisão preventiva e o bloqueio das redes sociais de Cássio Rodrigues Costa Souza e Márcio Giovani Niquelatti, por ameaças a ministros da Corte.

O primeiro afirmou ser policial militar e usou conta no Twitter para dizer que Moraes e sua família seriam mortos. Já o outro, conhecido como “Professor Marcinho”, mencionou suposta oferta de “recompensa” em dinheiro por empresário bolsonarista pela “cabeça” do mesmo magistrado.

Além disso, foram cumpridas ordens judiciais em endereços da Associação Nacional dos Produtores de Soja (Aprosoja) e na sucursal da entidade em Mato Grosso. A medida inclui mandados de busca, apreensão e bloqueio de contas bancárias.

“Além de ultrapassarem todo e qualquer limite que possa vir a ser conferido ao exercício constitucional da liberdade de expressão, as manifestações possuem nítidos contornos criminosos, colocando em risco não apenas a regularidade da atuação das instituições democráticas, mas também o Poder Judiciário”, diz o parecer.

Relembre

Gilmar João Alba, popularmente conhecido como “Gringo”, foi flagrado por agentes da PF no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) com mais de R$ 500 mil em cédulas, no dia 26 de agosto. O dinheiro estava em caixas de papel, na bagagem de mão.

Ele não apresentou uma explicação para a origem do montante – não declarado, o que é proibido no País – e entrou em uma série de contradições. A descoberta se deu no momento em que era feita a inspeção de rotina por meio de equipamento de raio-x. Por esse motivo, o valor acabou apreendido.

Alba poderá responder a processo por lavagem de dinheiro, na modalidade “ocultação e crime contra o sistema financeiro nacional”.

Por meio de nota, a Polícia Federal relatou na ocasião: “Em virtude da dúvida sobre a origem lícita do numerário, o montante foi apreendido pela Polícia Federal, todavia, durante a contagem, foi constatado que a soma era de R$ 505.000,00 (quinhentos e cinco mil reais), contrariando as versões do passageiro”.

Dias depois, em entrevista a uma emissora de rádio, o prefeito alegou que o dinheiro apreendido é dele, está declarado à Receita Federal e seria usado em uma “oportunidade de negócios”.

Perguntado sobre o motivo pelo qual transportava mais de meio milhão de reais em espécie, não deu detalhes sobre o tipo de transação que pretendia fazer. “A Polícia Federal diz o que quer”, ironizou. “Eu boto o dinheiro onde quiser, na caixa de papelão, no sapato, afinal é meu.”

Eleição

Atualmente com 53 anos, “Gringo” chegou ao comando da pequena cidade de 12 mil habitantes ao receber 2.439 mil votos válidos na eleição do ano passado, equivalentes a 42,3% da preferência do eleitorado de Cerro Grande do Sul – emancipada em 1988.

Em seu registro de candidatura junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio Grande do Sul, ele se declarou como agricultor e dono de um patrimônio de R$ 8,65 milhões.

(Marcello Campos)

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