‘Não resisto nada’, diz Alcolumbre sobre indicação de Mendonça ao STF

bailey aschimdt
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Principal foco de resistência à indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) não vive os seus melhores dias. Impedido pelo STF — por um voto — de disputar a reeleição do Senado, foi alçado ao posto de presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, mas os holofotes logo foram desviados para a CPI da Pandemia.  Não conseguiu, como pretendia, um ministério do governo Jair Bolsonaro e ainda viu seu irmão, Josiel Alcolumbre, ser derrotado nas urnas na disputa pela prefeitura de Macapá. Para piorar, Alcolumbre perdeu o poder sobre a destinação de emendas parlamentares, que servem para atender as bases eleitorais. Nos últimos meses, a gaveta do rancor de Alcolumbre descambou em cima do ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado pelo presidente para uma vaga no Supremo.

“Eu não resisto nada, são vocês que dizem”, rebateu Alcolumbre a VEJA, durante a sessão do Senado da última terça-feira. Até o carpete do Senado, no entanto, sabe da resistência do ex-presidente da Casa e seus aliados ao nome de André Mendonça. Os dois ainda não se reuniram pessoalmente após Bolsonaro formalizar a indicação. Mesmo assim, as coisas podem estar ficando menos tortuosas para o ex-chefe da AGU. Na última quarta-feira, Alcolumbre esteve com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Segundo relatos, o ambiente foi distensionado. 

Conforme revelou VEJA, ministros do STF e do Tribunal de Contas da União (TCU) entraram em campo para ajudar Mendonça, diante da resistência de Alcolumbre — o presidente da CCJ é responsável por conduzir o processo de indicação e pautar o dia da sabatina. Até Pacheco foi procurado por um integrante do Supremo para tentar fazer Alcolumbre baixar. Lideranças evangélicas também estão ajudando a costurar apoio a Mendonça nos bastidores. Enquanto isso, o indicado de Bolsonaro para a vaga de Marco Aurélio Mello aproveitou as últimas semanas para fazer um périplo pelo País, se reunindo pessoalmente com senadores dos Estados da Bahia, Maranhão, Paraná, São Paulo e Goiás.

Aliados de Mendonça avaliam que o ex-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) já conta com o apoio de pelo menos 60 senadores. A expectativa é a de que a sabatina de Mendonça fique para a última semana de agosto ou a semana seguinte ao feriado de 7 de Setembro.

O retrospecto é amplamente favorável a Mendonça: o histórico de votações do Senado — a quem cabe dar aval aos juristas indicados ao STF — mostra que os congressistas não costumam ser muito rigorosos na hora de chancelar as escolhas feitas pelo presidente da República de plantão. Da atual composição do STF, o ministro Edson Fachin foi o que mais sofreu rejeição no Senado — recebeu 27 votos desfavoráveis, ante 52 “sim”. Para ser aprovado, são necessários 41 votos.

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