Em 2022, São Paulo quer retomar o posto de centro cultural do país

bailey aschimdt
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Em 1922, intelectuais e artistas protagonizaram um evento no Teatro Municipal de São Paulo que marcou a história do país. A Semana de Arte Moderna de 1922, que em fevereiro do ano que vem celebra seu centenário, nasceu como uma resposta de renovação da arte e da cultura nacional, ainda muito enraizada em padrões ultrapassados e basicamente europeus. Havia também um interesse em mostrar que o país podia sim ser um centro cultural, como era Paris, por exemplo. Para além dos clichês de um Brasil abundante em florestas, o movimento almejava deixar claro para o mundo que o país  era civilizado e pensante. Ironicamente, cem anos depois, o Brasil precisa se esforçar para resgatar do obscurantismo a força da cultura nacional, encurralada inclusive pelo próprio presidente do país.

No ano que vem, São Paulo terá um papel crucial a desenvolver nesse resgate. Na contramão do governo federal e sua caça às bruxas na cultura, o Estado vai investir em eventos diversificados para o centenário da Semana de 22, além de cravar que reabrirá com pompa e circunstância o Museu do Ipiranga, fechado para reforma desde 2013.

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo divulgou nesta quarta, 1º, detalhes da programação da Semana de 22, já iniciada na capital. Batizado de Modernismo Hoje, o projeto vai revisitar o passado e projetar na atualidade o legado de nomes como Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade, Graça Aranha, Anita Malfatti e Oswald Aranha. A agenda vai incluir mostras de arte, concertos, eventos interativos, entre outros. A comemoração, aliás, começa este ano. A exposição do pintor John Graz já está em cartaz na Estação Pinacoteca, e a série Modernismo na Música Brasileira, com execução da Osesp, na Sala São Paulo, entre os dias 9, 10 e 11 de setembro. Mais detalhes e outros eventos serão divulgados no site oficial.

A data mais esperada, porém, acontece em setembro de 2022, quando o Museu do Ipiranga reabre para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. Antes da abertura oficial, a parte externa do prédio, que foi reformado e ampliado, será palco de atividades e comemorações entre 7 de agosto e 7 de setembro. O investimento nas obras foi de 210 milhões de reais, sendo 170 milhões captados com a iniciativa privada, com ou sem Lei Rouanet. O Governo do Estado investiu 19 milhões, e a Universidade de São Paulo (USP) fez um aporte de 11 milhões.

Além de São Paulo, outros Estados planejam grandes atividades culturais para o próximo ano, na esperança de que a pandemia dê uma trégua. A prefeitura do Rio de Janeiro almeja um Carnaval de rua ao longo de 40 dias, começando em janeiro. A organização do tradicional bloco carnavalesco de Recife, Pernambuco, Galo da Madrugada, entregou na terça-feira, 31, o planejamento para voltar às ruas o ano que vem. Que venha 2022.

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