Deputados estaduais e arrozeiros cobram solução para o Instituto Rio Grandense do Arroz

bailey aschimdt
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Uma carta aberta ao governo do Estado defendendo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) já conta com a assinatura de 51 deputados estaduais, inclusive os cinco parlamentares do PSDB, partido do governador Eduardo Leite. O documento pede que o Estado repasse ao instituto 100% dos valores cobrados dos arrozeiros na Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO), contribuição criada para essa finalidade, mas cuja metade acaba ficando represada no caixa único. Uma das principais consequências das dificuldades financeiras do Irga é a perda de pesquisadores e funcionários em razão dos baixos salários, o risco de perda de patrimônio genético desenvolvido ao longo da história e a paralisia no desenvolvimento de novas variedades.

Em abril, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa realizou audiência pública sobre o tema, por proposição do deputado Zé Nunes (PT). “O governo não apareceu”, lembra Nunes, que passou a colher assinaturas para a carta aberta e tentar trazer o Piratini para a discussão. “Estamos indo para um processo de inviabilidade do Irga”, diz. “A única cultura que não depende da tecnologia de grandes multinacionais e na qual somos protagonistas é o arroz, mas com o Irga definhando não vamos mais conseguir lançar variedades”, afirma.

O presidente da Comissão do Arroz da Federação da Agricultura (Farsul), Francisco Schardong, lamenta a evasão de profissionais do instituto. “Perdemos muitos bons técnicos. O que mais sinto como engenheiro agrônomo é que cada técnico que sai leva um pedaço da pesquisa com ele, e a pesquisa é feita com dinheiro do Irga”, disse. Schardong avalia ainda que a autarquia deve ser repensada, principalmente em relação ao patrimônio em áreas rurais, como galpões e armazéns, e defende que o instituto seja mantido com o repasse integral da Taxa CDO.

O conselheiro do Irga Fernando Rechsteiner, diretor vice-presidente da Farsul, estima que o acumulado histórico da Taxa CDO no caixa único hoje chegue a R$ 500 milhões. “O maior problema hoje é a remuneração dos servidores, porque os salários estão absolutamente fora da realidade de mercado”, reclama Rechsteiner. O conselheiro diz que o setor aguarda uma atitude de valorização do governo. “Boa parte dos funcionários da Secretaria da Agricultura têm uma bonificação de 50% do salário que os funcionários do Irga não recebem. Estamos pedindo emergencialmente que sejam repassados esses 50% de gratificação aos servidores da ativa”, esclarece. Segundo o Sindicato dos Servidores do Irga, existem 112 vagas para concursados em aberto.

A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), pasta à qual o Irga é vinculado, se manifestou por escrito sobre o problema. “O governo do Estado sabe e reconhece a importância social e econômica que a cultura do arroz tem no desenvolvimento do Estado e está buscando dar maior agilidade na definição de alternativas para o instituto”, informou.

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