A ditadura, a semântica e os estafetas

bailey aschimdt
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O general Braga Netto disse que ditadura não foi ditadura, mas um “regime forte”. Porque, se fosse ditadura, “muitos não estariam hoje por aí”. O general acha que muitos, como Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho, estão hoje por aí.

O general Ramos disse que isso de ditadura ou não é uma questão “semântica”. Ramos também acha que foi um “regime muito forte”, mas não foi ditadura, porque o Congresso “estava funcionando”.

O general acha que um Congresso proibido de legislar sobre matéria financeira, onde um terço dos senadores era nomeado pelo ditador, cujos parlamentares tinham medo de ser cassados, e que era fechado toda vez que decidia alguma coisa que o ditador não queria, estava “funcionando”.

Os generais também acham que a inexistência de eleições livres, Supremo manietado, censura prévia, prisão sem motivo, tortura e exílio não caracterizam uma ditadura.

O nome do regime brasileiro entre 1964 e 1985 é “ditadura”. “Regime forte” é o dos EUA, por exemplo, onde militares sabem seu lugar, jamais se metem em política e, quando é necessário, protegem a democracia contra candidatos a ditador, como fizeram com Trump.

Mas é verdade que a semântica, eventualmente, dá margem para discussão. Vejamos a expressão “ministro de Estado”, por exemplo. Os generais do Palácio gostam de achar que são ministros de Estado.

Mas todo mundo sabe que não passam de estafetas de Jair Bolsonaro.

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