Um mês após incêndio no prédio, órgãos de segurança pública do RS são transferidos a novos prédios

bailey aschimdt
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Centro de treinamento da Procergs, na Zona Sul de Porto Alegre, acolherá a SSP e o Detran. IGP irá para prédio próximo ao antigo, e Susepe será transferida a local na Zona Norte da Capital. Famílias ainda vivem luto das mortes dos dois bombeiros que atuaram no combate ao fogo. Incêndio que destruiu o prédio da SSP completa um mês em Porto Alegre
Um mês após o incêndio que destruiu o prédio da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, no Centro de Porto Alegre, as estruturas dos órgãos de segurança começam a ser transferidas para outros locais. A própria sede da SSP-RS irá para o antigo centro de treinamento da Procergs, na Zona Sul da Capital, em setembro.
“O centro de treinamento da Procergs acolherá toda a Secretaria de Segurança Pública, todos seus departamentos, suas divisões, inclusive o Centro de Comando e Controle Integrado, o 190, disque-denúncia. A previsão para mudança depende da subestação de energia. Mais uns 15 dias e começa a mudança”, afirma o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior.
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O governo do RS garante que nenhum serviço foi interrompido devido ao incêndio e que outros setores já têm destino certo. O Instituto Geral de Perícias (IGP) teve antecipada para este mês a mudança para o novo prédio, quase ao lado do antigo, que pegou fogo.
Já a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) vai para um prédio que está sendo preparado na Avenida Sertório, na Zona Norte de Porto Alegre. O Detran-RS segue funcionando na sede da Procergs.
O prédio queimado ficou em ruínas e terá que ser demolido, mas ainda está sob avaliação de engenheiros do estado. A intenção do governo é resolver tudo até o fim deste ano.
“Não é mais aproveitável, então teremos que destruí-lo. A forma de destruição também vai ser determinada pela área técnica, acredito que seja por implosão. Logo que for liberado pela perícia e pela polícia, o estado deve contratar a empresa que vai fazer isso”, diz Ranolfo.
Prédio da SSP-RS ficou inutilizado e precisará ser demolido
Rodrigo Ziebell/SSP-RS
Luto e luta pelas mortes de bombeiros
O que não mudou foi a dor das famílias do sargento Lúcio Munhós e o tenente Deroci Almeida. Os dois bombeiros morreram tentando controlar as chamas.
Eles foram encontrados após uma semana de buscas nos escombros. As viúvas receberam a Medalha do Mérito Farroupilha, a mais alta honraria oferecida pela Assembleia Legislativa.
“Perdemos por uma sequência de falhas na estrutura da edificação, falta de contingência, falha na comunicação nos rádios, por não existir no estado uma central que seja acionada imediatamente como suporte, por falha na rede hidráulica, por falta de efetivo e equipamentos com rastreamento. Fizeram que demorasse sete dias para localizá-los, embora tenhamos consciência de todo o trabalho ininterrupto de toda a corporação do estado”, desabafa Alessandra dos Santos, viúva do tenente Deroci.
“Eu ainda não me sinto preparada pra falar, mas gostaria de dizer que faço das palavras da Alessandra as minhas palavras”, acrescenta Kátia Munhós, viúva do sargento.
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A Associação de Bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs) concorda com as viúvas. Segundo ela, o estado tem, atualmente, 3 mil homens, mas deveria ter 4,1 mil, afora a defasagem em equipamentos considerados essenciais.
“Faz falta, com certeza, um rádio para cada bombeiro, conectado ao capacete, e não somente na Capital. Auto-escadas, plataformas que permitam fazer um combate defensivo, aquele combate em que não há mais vítima no local, sem a necessidade de o bombeiro entrar no local. Isso nos faz falta ainda. Embora a Abergs tenha tido, na semana passada, uma reunião com o governo do estado, que teria o anúncio de investimentos, esses investimentos estão demorando”, critica o coordenador-geral da Abergs, Ubirajara Pereira Ramos.
O governo do RS sustenta que, em novembro de 2019, apresentou um cronograma para reposição de pessoal. Em 2020, a corporação recebeu o reforço de 84 soldados e, este ano, estão em formação 100 soldados e 50 oficiais. O cronograma prevê, ainda, mais uma turma de 121 alunos soldados para novembro.
O Corpo de Bombeiros Militar diz que já tem uma auto-escada mecânica, com alcance de 30 metros, e que está em andamento a aquisição de uma nova, de 42 metros, que deve ser entregue no final de 2022. De acordo com o CBM, todos os bombeiros militares têm equipamentos de proteção individual além da proteção respiratória.
O Comando do Primeiro Batalhão dos Bombeiros da Capital afirma que as mortes vão ser esclarecidas com as investigações da Polícia Civil e o inquérito da própria corporação.
“Nós nos doamos em favor da segurança à vida, e esta máxima eles levaram até o fim, para segurança da sociedade gaúcha, em cumprimento ao seu dever, e muito mais em cumprimento à personalidade que cada bombeiro militar possui, que é se doar ao próximo”, afirma o tenente-coronel Eduardo Estevam Rodrigues, comandante do 1º BBM.
Sede da SSP-RS, em Porto Alegre, será destruída e órgão passa a funcionar na Zona Sul
Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini/Divulgação
Vídeos: Incêndio no prédio da SSP-RS
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