Previsão é de que equipamento seja instalado no segundo semestre do ano. Climatempo, que assinou o contrato, afirma que será possível mapear chuva em tempo real.
O novo radar meteorológico que será instalado no Rio Grande do Sul para mapear as chuvas com maior precisão já chegou ao Brasil e aguarda trâmites tributários para se deslocar a Montenegro, no Vale do Caí, a 63 km de Porto Alegre, onde será alocado.
A Climatempo é responsável por entregar o serviço e detalha que o equipamento veio do Exterior e está no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, aguardando as tratativas.
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O radar fará o monitoramento de dados meteorológicos da região em tempo real, como chuvas, ventos e temporais. Por consequência, será possível mapear o volume dos rios, auxiliando na prevenção a enchentes.
“Vamos ter uma melhor acurácia do volume de chuva que está caindo e [entender] qual a consequência disso para o aumento do nível do rio. Você tem muito mais informações de forma mais rápida e mais precisa também”, diz Cátia Valente, meteorologista da Sala de Situação do estado.
O anúncio foi feito em 18 de abril pelo governo, que detalhou que o equipamento irá mapear um raio de 150 km a partir do Morro São João, no município de Montenegro, incluindo parte do Vale do Taquari e da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Operação e contrato
De acordo com a meteorologista Cátia, o governo trabalha atualmente com estações de monitoramento, que são diferentes do radar. Nelas, os dados atuais são de fenômenos que já aconteceram, diferente do novo equipamento, que deve mapear informações a cada 15 segundos.
Os dados serão fornecidos exclusivamente para o governo, em um banco de dados, como previsto na licitação, segundo a meteorologista.
Além disso, os equipamentos atuais são de superfície e usam inteligência artificial. Ou seja, para mapear uma área entre dois radares, ele faz uma média da informação selecionada e obtém o resultado, a exemplo do volume de chuvas em milímetros.
O contrato assinado com o governo faz parte de uma licitação homologada pelo estado em dezembro de 2023. O contrato prevê o mapeamento dos dados meteorológicos em um prazo de cinco anos, que pode se estender por mais cinco, ao fim do período.
“O serviço de radar está relacionado diretamente com ações de prevenção contra eventos adversos. Nós teremos condições de disponibilizar dados mais qualificados com até três horas de antecedência”, explicou o coordenador da Defesa Civil Luciano Chaves Boeira, em novembro de 2023, quando foi anunciado o radar.
Quatro tragédias em um ano
Com quatro tragédias climáticas em menos de um ano, o RS soma 304 mortes entre junho de 2023 até este ano. Apenas entre o final de abril e o mês de maio, as enchentes e as cheias deixaram 175 mortos e 38 desaparecidos.
Segundo a Defesa Civil, 442,3 mil pessoas estão fora de casa atualmente – 18,8 mil em abrigos e 423,4 mil desalojados (em casa de amigos e parentes).
Dos 497 municípios do estado, 476 registraram transtornos relacionados aos temporais, afetando mais de 2,3 milhões de pessoas.