Mais cara do Brasil, cesta básica de Porto Alegre custa dois terços do salário mínimo, aponta Dieese

bailey aschimdt
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Para economistas, composição da cesta, impostos e questões sobre oferta e demanda influenciam valores no RS. Salário mínimo necessário seria cinco vezes maior que valor atual. Moradora de Porto Alegre carrega cesta básica
Reprodução/RBS TV
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou, nesta quarta-feira (8), o valor da cesta básica de 17 capitais brasileiras em agosto. Segundo a entidade, Porto Alegre apresenta o maior custo médio dos produtos: R$ 664,67.
O valor da cesta básica corresponde a quase dois terços (65,32%) do salário mínimo líquido. Para conseguir comprar uma cesta básica, o cidadão precisa trabalhar por quase 133 horas no mês, aponta o Dieese, o que equivale a mais de 16 dias, em média, considerando uma jornada diária de 8h.
A pesquisa mensal mostra que, com base no custo da cesta básica em Porto Alegre, o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.583,90 – 5,08 vezes maior que o salário mínimo atual, de R$ 1,1 mil.
Economista explica por que a cesta básica de Porto Alegre é a mais cara do país
O economista Adalmir Marquetti, professor da Escola de Negócios da PUCRS, explica que um dos fatores que motivam os valores mais altos em Porto Alegre é a composição da cesta básica. (Veja vídeo acima)
“A cesta básica da Região Sul é um pouco diferente das demais regiões do Brasil. Ela tem uma quantidade de carne um pouco maior do que nas outras regiões. Isso acaba afetando o valor da cesta básica”, diz.
Alta no preço da carne muda o perfil do churrasco no RS
Na avaliação de Marquetti, a queda na oferta de produção durante o inverno, a maior capacidade de compra dos consumidores de Porto Alegre e os impostos cobrados no RS, como o ICMS, ajudam a elevar o valor da cesta básica.
“Aqui a gente tem um pouco mais de pressão pelo lado da demanda que poderiam explicar alguns preços. E tem uma questão importante também, o ICMS médio no Rio Grande do Sul é de 18%, um pouco maior que em outros estados”, comenta.
A economista Daniela Sandi, do Dieese, também cita o impacto da produção nos preços.
“Nesse ultimo mês, a alta foi puxada pelos produtos in natura, em especial tomate e batata. São itens que podem sofrer muita volatilidade, intensidade de altas e baixas, por conta do clima, safra e ciclos de produção mais curtos”, explica.
Consumidores conferem o preço da carne em açougue de Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
Daniela Sandi comenta que a atual condição dos preços é “resultado de um conjunto de questões conjunturais e estruturais e das próprias escolhas políticas do governo”. Segundo a analista, as situações de emprego, inflação, dólar, custos de produção, estoques, regulação e fatores climáticos influenciam na conta final da cesta básica.
“É preciso retomar a politica de valorização do salário mínimo, salário que é referência de rendimento para 50 milhões de pessoas no Brasil, entre trabalhadores, aposentados e pensionistas”, considera a economista.
Na comparação com julho, houve um aumento de 1,18% na cesta básica em Porto Alegre. Desde janeiro, o índice já subiu 7,96%. Já no recorte dos últimos 12 meses, o Dieese mostra que o preço dos produtos subiu 25,74% na capital do RS.
Valor da cesta básica
Economia G1
Custo da cesta básica
Economia G1
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