Hospitais de Porto Alegre testam novas versões de vacinas contra a Covid; saiba como participar

bailey aschimdt
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Hospital de Clínicas realiza testes para 2ª geração da AstraZeneca. Já o Hospital Moinhos de Vento testa vacina canadense. UFRGS se prepara para produzir matéria-prima de imunizantes. Hospital de Clínicas, em Porto Alegre
HCPA/Divulgação
O surgimento de novas variantes do coronavírus acelera a corrida entre as farmacêuticas para aperfeiçoar os imunizantes. Em Porto Alegre, dois hospitais reúnem voluntários para testar novas vacinas: o Hospital de Clínicas (HCPA) testa a segunda geração da vacina de Oxford/Astrazeneca; e o Hospital Moinhos de Vento (HMV) faz testes do imunizante do laboratório Medicago, do Canadá.
Além deles, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se prepara para produzir o insumo farmacêutico ativo (IFA), matéria-prima para a produção da vacina da AstraZeneca, que, até o momento, é produzido apenas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Vacina da Medicago
Para a vacina canadense, com testes no HMV, as inscrições, informações detalhadas sobre o estudo e critérios para participar estão disponíveis neste site ou pelo telefone (51) 99361-4032.
O estudo internacional envolve 30 mil voluntários do Canadá, Estados Unidos, América Latina e Europa. Para Porto Alegre, foram destinadas 1,5 mil vagas.
A vacina é produzida pelo Laboratório Medicago com componentes da GlaxoSmithKline (Estados Unidos). Neste estudo, os voluntários serão sorteados por um sistema informatizado para tomar a vacina ou o placebo.
O especialista de suporte Leonardo Rosa Nunes, morador de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, se voluntariou e, nesta semana, recebeu o resultado: ele recebeu a vacina.
“Eu tive reações em uma das doses que tomei, então tinha uma suspeita, mas não tinha nenhuma certeza. Para mim, no fim das contas, foi superpositivo. Eu fiquei muito feliz de saber que eu posso ajudar e vou continuar no estudo a partir disso”, afirma.
A vacina em teste é desenvolvida com partículas semelhantes ao vírus Sars-CoV-2, que causa Covid-19, mas não são infecciosas porque não contêm material genético viral. O placebo é uma solução inerte, isotônica e não tóxica.
Durante o estudo, se comprovada a eficácia da vacina, será realizado o cross-over, ou seja, quem tomou placebo receberá a vacina e vice-versa. Isso permite que o estudo seja continuado e que todos sejam imunizados.
“A gente teve, recentemente, revelados os dados da fase dois, que é a fase anterior a esta que estamos, que é a fase três. A vacina produziu níveis 10 vezes maiores de anticorpos do que a infecção natural de Covid. Isso é bem bacana”, conclui o médico e pesquisador do HMV Luciano Hammes.
Caso o voluntário tenha a chance de ser vacinado pelos órgãos públicos, pode sair do estudo a qualquer momento e solicitar conhecer o que lhe foi administrado.
Hospital Moinhos de Vento
HMV / Divulgação
Vacina de Oxford
O HCPA busca voluntários para pesquisa que avalia uma forma modificada da vacina da AstraZeneca, desenvolvida para ser mais eficaz contra a variante Beta, identificada pela primeira vez na África do Sul. Os interessados podem preencher o formulário disponível neste link.
“A gente pode chamar de uma vacina de segunda geração. Ela é desenhada para estimular as defesas baseada em dois vírus: o vírus original, inicialmente descrito na China, e a variante Beta. E as variantes que ficam nesse meio do caminho, que são as variantes delta e a gama, a ideia é que essa vacina venha dar um ganho a mais na proteção do indivíduo”, aponta o chefe do Serviço de Infectologia do hospital, Eduardo Sprinz.
Podem participar do estudo pessoas com mais de 18 anos, independentemente de terem ou não contraído Covid-19 anteriormente.
Quem já recebeu a vacina da AstraZeneca ou da Pfizer também pode integrar a pesquisa. Nesses casos, é prevista a aplicação de dose única.
Quem ainda não foi vacinado contra a Covid receberá duas doses. Através de um sorteio, será aplicada a vacina em estudo (AZD2816) ou a vacina (AZD1222), já disponível na rede pública.
“A gente precisa de proteção. Inicialmente, qualquer proteção será bem-vinda. Eu estou morrendo de fome, qualquer alimento vai servir para mim”, acrescenta Sprinz.
IFA
Além das vacinas, pesquisadores gaúchos se preparam para fabricar o IFA, a matéria-prima para a fabricação da AstraZeneca. Esta semana, os representantes da UFRGS iniciaram esta semana as negociações com a Fiocruz.
“Esse processo todo envolve uma série de certificações pelo órgãos responsáveis, pelos órgãos fiscalizadores, entre eles a Anvisa, a Comissão Nacional de Biossegurança, e várias outras normativas. Se tudo der certo, eu acredito que, a partir de março do ano que vem, a gente possa estar com essa produção estabelecida”, diz a diretora do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da UFRGS, Ilma Brum.
Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da UFRGS
Divulgação/UFRGS
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