Escritório Social de Porto Alegre acolhe e orienta pré-egressos do sistema prisional

bailey aschimdt
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Inaugurado em 11 de abril, o Escritório Social (ES) de Porto Alegre, o primeiro do Estado, conta com a mobilização de diversos servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para colocar em prática a metodologia de assistência a pré-egressos, egressos e seus familiares. A instituição tem capacitado os seus diretores e técnicos para que possam fazer, por meio dessa alternativa, um diagnóstico a respeito das necessidades e especificidades de cada estabelecimento prisional e amparar esse público com ações em áreas como saúde, educação, renda, trabalho, habitação, lazer e cultura, viabilizadas por meio de parcerias.

Atualmente, 11 estabelecimentos são atendidos: a Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, o Presídio Estadual Feminino Madre Pellettier, o Complexo de Canoas, a Penitenciária Estadual de Canoas I, a Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas, a Penitenciária Estadual de Charqueadas, a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, a Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos, a Cadeia Pública de Porto Alegre, a Penitenciária Estadual de Porto Alegre e o Núcleo de Gestão do Sistema Penitenciário.

A adesão da pessoa egressa aos serviços oferecidos nos Escritórios Sociais é livre e voluntária. Seis meses antes da progressão do regime, as unidades realizam um trabalho de sensibilização voltado para esse público com o objetivo de tirar dúvidas sobre as propostas oferecidas.

Após o lançamento da proposta para implementação do serviço no Rio Grande do Sul, no primeiro trimestre de 2023, a Susepe reuniu-se com alguns de seus gestores, como a superintendente adjunta, Deisy Vergara, e a diretora do Departamento de Tratamento Penal (DTP) e técnica superior penitenciária psicóloga, Rita Leonardi, além dos diretores das casas prisionais contempladas com o projeto-piloto, denominado Escritório Social Patronato Porto Alegre. O objetivo foi instruí-los quanto à metodologia a ser adotada.

“O sistema prisional gaúcho carecia de equipamentos que proporcionassem um olhar à pessoa que concluiu sua pena e, muitas vezes, não sabe que direcionamento tomar quando em liberdade”, explica Rita. “Os Escritórios Sociais foram criados justamente para o acolhimento dos egressos do sistema prisional, auxiliando no acesso às políticas públicas do seu município. Ele favorece a reinserção do indivíduo na sociedade e é uma importante ferramenta para minimizar as possibilidades de retorno ao cárcere.”

“Os Escritórios Sociais oferecem um fluxo mais humanizado para os egressos e pré-egressos, já que eles se sentem excluídos desse processo, e o trabalho dentro das casas prisionais, durante esse período de seis meses, é importante para que todas as equipes atuem, conjuntamente, em prol do mesmo objetivo”, afirma a técnica superior penitenciária Camila Rosa, uma das coordenadoras do projeto no DTP.

Para exemplificar, Camila conta que, se uma unidade detectou que a demanda dos pré-egressos é por trabalho e renda, então será realizada uma atividade terapêutica singular de saída com esses apenados voltada para essa área. “Existem três passos que precisamos dar para validar a estrutura do Escritório Social: mobilização de pessoas pré-egressas, mobilização de parcerias e plano terapêutico singular”, destaca.

Parcerias auxiliam na prestação de serviços

Uma ampla rede de instituições integra os serviços de assistência social aos egressos e às suas famílias. Fazem parte da parceria as Unidades Básicas de Saúde (UBS), os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), o Sistema Nacional de Emprego (Sine), a Defensoria Pública, a Secretaria Municipal de Educação e o Conselho da Comunidade.

Uma das entidades parceiras é o Hospital Sanatório Partenon, que já recebe egressos que estão em tratamento contra a tuberculose. Alguns deles elogiaram a iniciativa, como é o caso de João, de 50 anos: “Nós, que fomos presidiários, somos muito discriminados na rua, principalmente para arrumar um emprego. O escritório dá apoio nesse sentido, para ajudar a conseguir um trabalho, um curso, a voltar a estudar. Tudo isso é muito importante”.

A importância do apoio fornecido pelos ES aparece também no depoimento de Francisco, de 28 anos, que tem apreciado a atenção e o apoio que vêm recebendo. “Quando eu estava lá fora, ninguém me dava força, nem oportunidade de serviço. Sempre fui discriminado. Aqui, eles estão dispostos a me conhecer e a me ajudar a arrumar um trabalho. Tenho confiança de que vou mudar de vida, vou voltar para a sociedade e trabalhar”, destaca.

As identidades foram alteradas para preservar os entrevistados

O que são os Escritórios Sociais

Os Escritórios Sociais são equipamentos públicos impulsionados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desde 2016, que, em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), apostam na articulação entre o Judiciário e o Executivo para oferecer serviços especializados a partir do acolhimento de pessoas egressas do sistema prisional e de seus familiares. O objetivo é permitir que eles encontrem apoio para a retomada do convívio em liberdade. Além disso, esses locais também auxiliam os estabelecimentos prisionais no processo de preparação para a liberdade das pessoas pré-egressas.

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