Eficiência energética do transporte é desafio para o meio ambiente de Porto Alegre, afirma especialista

bailey aschimdt
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Inventário produzido pela Secretaria de Meio Ambiente demonstrou que emissão de gases de efeito estufa reduziu 5% em quatro anos. Setor do transporte corresponde a mais de 67% do total de emissão. Especialista afirma que redução de gases de efeito estufa é desafio para Porto Alegre
Melhorar a qualidade do ar de Porto Alegre e contribuir para um meio ambiente mais saudável passa por encontrar soluções para a redução de gases de efeito estufa lançados pelos veículos, especialmente os do transporte público, à atmosfera. É o que afirma o presidente do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS, Nelson Fontoura.
Nesta semana, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente divulgou a segunda edição do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, realizado em parceria com a WayCarbon, da Ecofinance e do Iclei América do Sul.
Entre 2016 e 2019, a emissão desses gases reduziu 5%. O inventário pode ser conferido no site da prefeitura. A administração destaca também que o plantio de árvores ajudou a reduzir os níveis de gás carbônico na atmosfera. A consequência é um ar com mais qualidade.
O transporte é a matriz que mais gera gases de efeito estufa, correspondendo a 67,7%. Na primeira edição do inventário, concluída em 2013, esse percentual era um pouco menor, 66%.
Já o setor de energia estacionária (consumo diário das pessoas) somou 23% das emissões, seguido dos resíduos, com 8,8%, e de agricultura, florestas e uso do solo, com 0,5%.
Trânsito em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
As transformações da sociedade e mudanças de comportamento, como o uso de carros por aplicativo, porém, precisam ser levadas em conta ao planejar a adoção de fontes de energias menos poluentes, observa o professor.
“Isso pressiona as empresas transportadoras no sentido de diminuição de fluxo de passageiros e de receita. É complicado neste momento exigir uma substituição da frota exatamente quando o acesso das pessoas é cada vez menor”, avalia Fontoura, que é biólogo e doutor em Zoologia.
“Equacionar isso no longo prazo é complicado. É difícil fazer investimentos nessa área sem um estudo profundo”, diz.
O controle de emissão de gases é uma alternativa. “A gente anda nas ruas de Porto Alegre, vê veículos principalmente a diesel lançando grandes quantidades de fumaça, que deveriam passar por inspeção periódica”, afirma.
Levantamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente aponta para redução entre os anos de 2016 e 2019
Reprodução/RBS TV
Alternativa do etanol
Além do transporte público, medidas que podem ser adotadas pelos motoristas trazem impacto positivo para o meio ambiente. “Temos no Brasil uma alternativa muito eficiente [à gasolina] que é o álcool. Se a gente pega um carro híbrido com etanol, ele vai ser tão eficiente quanto um veículo elétrico”, diz.
“O etanol é o gás carbônico reciclado. A gente tira da atmosfera, fixa no açúcar, fermenta em etanol, queima e devolve. Então é muito favorável”, explica.
Quanto às fontes estacionárias, Nelson observa que é difícil controlar. A emissão está relacionada tanto ao uso do gás, tanto GLP quanto natural, que são de origem fóssil.
“A longo prazo, o que poderia ser melhor é se usarmos metano de aterro sanitário. Isso ainda é muito incipiente. Mas melhora a nossa eficiência energética e talvez seja o caminho mais eficiente no médio e no longo prazo”, observa.
Mesmo assim, Porto Alegre pode ser considerada uma capital com bons ares. “Não dá para comparar a qualidade do ar com a de outras metrópoles. A nossa qualidade de ar é melhor. Porque temos o [rio] Guaíba aqui do lado, o território da cidade não tem ocupação industrial. Isso ajuda muito”, finaliza.
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