Eleição de sete vereadores a cargos de deputado reafirma força política da Capital

bailey aschimdt
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Um número recorde de vereadores de Porto Alegre foi eleito para cargos de deputado estadual e federal na eleição de 2022. No total, foram sete parlamentares da Capital que ascenderam. Daiana Santos (PCdoB) foi alçada a deputada federal e os outros seis conquistaram assento na Assembleia Legislativa: Matheus Gomes (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Leonel Radde (PT), Laura Sito (PT), Kaká D’Ávila (PSDB) e Felipe Camozzato (Novo).

Diretor Legislativo da Câmara Municipal, Luiz Afonso Peres atua há 43 anos no parlamento e diz que, até o momento, o maior número de vereadores eleitos para as vagas de deputado havia sido registrado em 2018, com cinco vitoriosos nas urnas. Agora, essa marca foi superada.

— Nunca na história tivemos tantos vereadores eleitos deputados — afirma Peres.

Para Rafael Machado Madeira, coordenador do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Ciências Sociais da PUCRS, o resultado indica o “aumento da importância da Capital como local de recrutamento” para futuros parlamentares estaduais e federais.

— Conquistar o posto de vereador numa cidade grande como Porto Alegre é elemento muito importante. O tempo na vereança é um treinamento e auxilia o político a estruturar sua equipe de campanha. O nome passa a circular muito mais na imprensa municipal e estadual e as mídias sociais ampliam o alcance — diz Madeira.

Ele ainda destaca que muitos dos quadros que estão galgando espaço são vinculados a alguma bandeira específica e de apelo na sociedade, o que ajuda a espalhar suas mensagens a eleitores do interior que compactuam dos mesmos ideais. Isso é um diferencial para impulsionar a votação.

Outro aspecto relevante é que, com a exceção de Camozzato, todos os outros seis eram vereadores de Porto Alegre pela primeira vez e tinham, até agora, menos de dois anos de exercício dos mandatos. Isso indica que são jovens em processo de rápida ascensão como representantes de segmentos da sociedade.

Uma das hipóteses para isso, avalia Madeira, é a maior desenvoltura desses candidatos para fazer uma campanha moderna. Eles costumam ser usuários perenes de redes sociais, não apenas em período eleitoral, e conseguem gerar mais engajamento do público, com atuação mais espontânea.

Já os candidatos da política tradicional, de gerações anteriores, até podem contratar equipes de comunicação que dominem as redes sociais, mas as suas interações não necessariamente serão vistas como autênticas ou irão gerar forte engajamento. É uma questão de “estilo de fazer campanha que potencializa o uso das ferramentas”, diz Madeira. Políticos tradicionais das gerações mais antigas, por exemplo, fizeram carreira formando bancos de dados de eleitores com os nomes, endereços e datas de nascimento. Com o arsenal, conseguiam mandar cartas de felicitação no aniversário. São paradigmas de comunicação entre representante e eleitor que mudaram bruscamente.

Madeira ainda destaca que, desde a eleição de 2018, a classe política tradicional está passando por uma fase de instabilidade, com movimentos de “criminalização da política”.

— É um período difícil para as elites políticas tradicionais manterem suas cadeiras estáveis. Um processo de turbulência que, talvez, esteja aumentando o espaço para o surgimento de novas lideranças — avalia Madeira.

Dos 36 vereadores da Câmara de Porto Alegre, 25 se lançaram a diferentes cargos nesta eleição de 2022. Comandante Nádia (PP) e Airto Ferronato (PSB) iniciaram a disputa ao Senado, mas acabaram renunciando, por motivos distintos, em meio à campanha. Pedro Ruas (PSOL) foi candidato a vice-governador na chapa de Edegar Pretto (PT) e Tanise Sabino (PTB) ocupou a mesma posição na candidatura de Luis Carlos Heinze (PP). Já Roberto Robaina (PSOL) foi suplente de Olívio Dutra (PT) na corrida ao Senado.

Os demais 20 vereadores concorreram a deputado estadual e federal, com sete deles conquistando a eleição.

Os novos vereadores

Os sete vereadores eleitos podem seguir na Câmara até a véspera da posse nos novos cargos, em 2023, quando terão de renunciar. Com a saída deles, já é feita de imediato a nomeação dos suplentes, que passam a ser titulares dos cargos, explica Luiz Afonso Peres, diretor Legislativo da Câmara de Porto Alegre.

Os novos vereadores serão os seguintes: Alex Fraga (PSOL), Giovani Culau (PCdoB), Abgail Pereira (PCdoB), Reginete Bispo (PT), Marcelo Sgarbossa (PV), Marcelo Bernardi (PSDB) e Tiago Albrecht (Novo).

Sgarbossa é advogado, defensor do ciclismo como meio de transporte e já foi vereador. Ele foi eleito suplente pelo PT, mas migrou ao PV posteriormente. Os dois partidos, atualmente, fazem parte de uma federação partidária.

Fraga é professor de biologia e também já foi titular de um assento na Câmara de Vereadores. Culau é originário do movimento estudantil e tem, entre suas pautas, a defesa da diversidade. Abgail foi secretária estadual do Turismo no governo Tarso Genro (PT). Reginete é socióloga e segunda suplente do senador Paulo Paim (PT). Bernardi é conselheiro tutelar. Por fim, Albrecht é radialista, comunicador de TV e foi pastor da igreja luterana por dez anos.

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