As ações preferidas dos analistas para comprar em setembro

bailey aschimdt
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SÃO PAULO – A piora dos riscos políticos e fiscais no Brasil balançou os mercados nas últimas semanas e fez o Ibovespa encerrar agosto com recuo de 2,5%. Investidores acompanharam o cenário de maior incerteza com uma economia que ainda patina na recuperação, com expectativas para a inflação cada vez maiores e a necessidade de um ajuste mais duro de política monetária para conter o avanço dos preços.

Ao mesmo tempo em que os riscos domésticos cresceram, o fim da temporada de balanços do segundo trimestre demonstrou que as empresas com ações listadas em Bolsa não só apresentaram retomada do ritmo de crescimento das receitas, como souberam recompor a rentabilidade perdida nos trimestres anteriores.

Neste contexto, levantamento feito pelo InfoMoney com as recomendações de ações por dez corretoras para o mês de setembro mostrou algumas mudanças. Neste mês, a carteira compilada contou com a entrada dos papéis da Weg (WEGE3) e das ações preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4), com quatro indicações cada, e teve a saída das ações do Bradesco (BBDC4) e da Lojas Renner (LREN3).

Jennie Li, estrategista de ações da XP, destaca que a casa adicionou os papéis da Weg no lugar das ações da SulAmérica neste mês. Ela conta que a decisão está relacionada às boas perspectivas de crescimento para a empresa no longo prazo, ao portfólio diversificado e ao potencial de expansão internacional da companhia.

Segundo a especialista, em um cenário em que o processo de recuperação ao redor do mundo parece perder ritmo, é fundamental que investidores diminuam a exposição a ações mais cíclicas, como em commodities, para investir em companhias com bons resultados operacionais e com forte relevância em mercados externos. Hoje, 55% da receita da Weg advém do exterior.

Outro papel que retornou para a carteira neste mês foi o do Itaú Unibanco. Ricardo Peretti, estrategista de pessoa física do Santander, diz, em relatório, que os papéis do banco voltaram a chamar a atenção com os resultados favoráveis do segundo trimestre e a revisão do guidance para este ano. Com isso, as ações foram elevadas a “Top Pick” do setor financeiro, no lugar dos papéis do Bradesco.

Para setembro, as ações da Vale (VALE3) seguiram na liderança, com nove recomendações. Completam ainda o portfólio indicado os papéis da B3 (B3SA3) e da Rede D’Or (RDOR3), com seis e cinco indicações, respectivamente, além de BTG Pactual (BPAC11), com quatro sugestões.

A carteira do InfoMoney é divulgada no início de cada mês e seleciona os cinco nomes mais recomendados pelas corretoras consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate, caso do levantamento atual.

Confira a seguir as ações mais indicadas para setembro, a quantidade de recomendações e o desempenho de cada papel em agosto, no ano e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações Retorno em agosto Retorno em 2021 Retorno em 12 meses
Vale VALE3 9 -9,27% 20,24% 83,56%
B3 B3SA3 6 -7,74% -28,96% -24,09%
Rede D’or RDOR3 5 -0,26% 1,20%
Weg WEGE3 4 0,02% -5,16% 11,28%
BTG Pactual BPAC11 4 -2,86% 21,81% 42,54%
Itaú Unibanco ITUB4 4 2,51% -0,15% 34,71%
Ibovespa -2,48% -0,20% 19,54%

*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora e XP Investimentos.
Fonte: Economatica

Vale (VALE3)

Com nove indicações para a carteira, os papéis da Vale, atualmente cotados próximos de R$ 100, podem chegar a R$ 122 nos próximos 12 meses, na avaliação da equipe de análise da XP.

A estrategista de ações da casa explica que a Vale segue entre as preferidas do mercado por conta da expectativa de anúncio de pagamento de dividendos extraordinários em setembro e com a avaliação de que seguirá com forte geração de caixa, puxada pela expansão da demanda global de minério de ferro.

De acordo com balanço da companhia, a mineradora retornou cerca de US$ 6 bilhões aos acionistas no primeiro semestre de 2021. O cálculo leva em conta os dividendos de US$ 2,2 bilhões de junho e os US$ 3,9 bilhões pagos em março.

A estrategista da XP diz manter a recomendação de compra para os papéis da Vale em setembro, mas ressalta ter reduzido a posição na mineradora, diante de um cenário de maior desaceleração global. Jennie explica que, nesses momentos, as commodities tendem a ser bastante afetadas, com recuo nos preços. No mês passado, por exemplo, a queda nos preços do minério levou os papéis da mineradora a caírem pouco mais de 9%.

“Commodities ainda têm um lugar nas carteiras, mas não no mesmo nível de exposição do começo de ciclo, quando a recuperação econômica estava super forte”, aponta Jennie.

Há, contudo, quem diga que os números positivos apresentados pela companhia neste trimestre podem ajudá-la a compensar eventuais efeitos negativos e queda de produção nos próximos meses. A Vale registrou lucro líquido de US$ 7,6 bilhões no segundo trimestre de 2021, alta de 662% na comparação anual. Em relação ao primeiro trimestre, o crescimento foi de 37%.

Na avaliação de Luis Sales, analista da Guide, a mineradora tem feito um bom trabalho em termos de controle de custos, redução de investimentos e de endividamento.

B3 (B3SA3)

Pelo quarto mês seguido, os papéis da B3 estão na carteira do InfoMoney, entre os três mais recomendados por analistas. Na passagem de agosto para setembro, as ações voltaram a fazer parte da carteira de ações do BTG Pactual.

Em relatório divulgado a clientes, Carlos Sequeira, Osni Carfi, Bruno Lima e Luiz Temporini, analistas da instituição, pontuaram que o papel está atrativo a níveis atuais, com a expectativa de que a relação entre o preço e o lucro esteja em 19 vezes no fim de 2022, acima da relação atual, próxima de 15 vezes.

Eles ponderam, no entanto, que o fluxo de notícias envolvendo a entrada de concorrentes e o ambiente econômico com taxas de juros mais altas têm contribuído para o desempenho negativo das ações neste ano. Os papéis B3SA3 acumulam baixa de 29% em 2021.

Analistas da XP também destacam em relatório que as ações foram fortemente impactadas no mês passado – com baixa de 7,74% – diante da informação de que a B3 revisou de “remota” para “possível” a chance de perder em quatro ações judiciais envolvendo Banco Marka S.A., Banco FonteCindam S.A., BM&F e outros réus. As ações envolvem a apuração de supostos prejuízos decorrentes de operações feitas pelo Banco Central em 1999.

Ainda assim, os especialistas da XP seguem otimistas com os papéis da B3, com a retomada do mercado de capitais e com as taxas de juros ainda em patamares baixos.

O Santander também vê com bons olhos o potencial das ações. Na visão da equipe de análise, o resultado financeiro do segundo trimestre se destacou, impulsionado especialmente pela recuperação das despesas com PIS/COFINS.

Para o Santander, a tese de investimento nas ações deve seguir interessante, com expectativa de que o ritmo de aberturas de capital e follow-ons (ofertas subsequentes de ações) sigam fortes neste segundo semestre.

Rede D’Or (RDOR3)

Com cinco recomendações, as ações da Rede D’or podem apresentar valorização de quase 30% nos próximos 12 meses, com base no preço-alvo de R$ 88 estabelecido pela equipe da XP.

Segundo a equipe de análise da casa, as perspectivas positivas têm como referência a agenda ativa de fusões e aquisições, além do crescimento da receita sustentado por melhores números de leitos operacionais e taxa de ocupação – indicadores que devem se manter em níveis saudáveis neste segundo semestre.

“Mantemos o nome em nossa carteira dada a boa perspectiva para a empresa no segundo semestre, inclusive em um cenário de aumento de casos de Covid devido à variante delta, o que pode pressionar outros setores”, afirma a equipe da XP, em relatório.

A forte volatilidade pela qual pode passar o mercado nos próximos meses também pode ajudar os papéis da Rede D’or. Os analistas do BTG Pactual explicam que, diante da possibilidade de que haja maior oscilação nos preços no curto prazo, a busca de investidores por ativos de “maior qualidade” pode beneficiar as ações da empresa de saúde.

Os especialistas também afirmam que a empresa demonstra forte perspectiva de crescimento de lucro por ação pelos próximos três anos, da ordem de 30% segundo os cálculos da instituição, além de uma sólida estratégia de fusões e aquisições.

Weg (WEGE3)

Empatada em quarto lugar com os papéis do BTG Pactual e do Itaú Unibanco, com quatro recomendações cada, as ações da Weg representam uma das trocas feitas pela XP na passagem de agosto para setembro.

Após fortes resultados operacionais da Weg no segundo trimestre, os analistas da XP optaram pela saída dos papéis da SulAmérica e pela entrada nas ações da fabricante de equipamentos.

A visão é de que a empresa deve se beneficiar da retomada de investimentos globais e de um sólido crescimento de receita no curto prazo. Segundo dados do balanço da companhia, 55% da receita operacional líquida da empresa, por exemplo, partiu do mercado externo no segundo trimestre deste ano.

O amplo portfólio da empresa, que inclui geração, transmissão e distribuição de energia, além de consumo industrial, tração elétrica e indústria 4.0. também é um dos atrativos, na visão dos analistas da Ágora.

E um dos destaques, segundo eles, está na área de geração, transmissão e distribuição. “Acreditamos que esse segmento deve representar uma oportunidade relevante para a Weg, pois os investimentos em energia renovável parecem manter um ritmo acelerado tanto no Brasil quanto em outras regiões, como América do Norte e Índia.”

BTG Pactual (BPAC11)

Na quarta colocação também estão as ações do BTG Pactual, com quatro recomendações. Uma delas parte dos analistas do BB Investimentos, que passaram a recomendar os papéis na carteira de setembro.

Segundo análise de Victor Penna e Wesley Bernabé, o BTG Pactual provou que continua se destacando como banco de investimento e segue entregando sólidos números nos negócios de gestão e administração de recursos, com destaque para o braço de varejo digital.

Para os analistas do BB, a estratégia frequente de aquisições e o estabelecimento de parcerias estratégicas é outro ponto que pode ajudar a incrementar as perspectivas de crescimento da instituição.

“Entendemos que a realização de lucros após a divulgação do forte resultado do segundo trimestre é um tanto quanto injustificada e que abre oportunidade para um posicionamento tático de curto prazo com risco reduzido”, afirmaram os especialistas, em referência à queda de quase 3% em agosto.

Ainda assim, os analistas do BB disseram que há riscos pontuais que devem pressionar o papel no curto prazo, como a deterioração de expectativas macroeconômicas no mercado internacional, além de ruídos internos no âmbito político e fiscal. Eles também destacaram que o arrefecimento da atividade nos mercados de capitais pode impactar receitas no curtíssimo prazo e que o aumento da competição nas plataformas de varejo digital pode prejudicar as margens do banco.

Itaú Unibanco (ITUB4)

Com quatro recomendações, os papéis do Itaú Unibanco retornaram à carteira em setembro. O banco foi incluído nas indicações do Santander neste mês, no lugar dos papéis preferencias do Bradesco.

Peretti, do Santander, disse em relatório que as ações do Bradesco foram a “Top Pick” do setor financeiro durante a maior parte de 2021, mas que agora considera as iniciativas feitas pela instituição financeira para corte de custos já precificadas e que, por isso, optou por substituir os papéis pelos do Itaú.

O especialista afirma que a mudança tem como foco os resultados favoráveis do banco apresentados no segundo trimestre deste ano e a revisão do guidance para 2021. O Itaú registrou lucro líquido gerencial de R$ 6,543 bilhões, alta de 55,6% frente ao mesmo período de 2020, e um leve avanço de 2,3% frente os primeiros três meses de 2021.

Já o retorno recorrente sobre o patrimônio líquido (indicador que mede como os bancos investem os recursos de seus acionistas, chamado de ROE) foi de 18,95%, alta de 5,4 pontos percentuais ante o segundo trimestre de 2020.

“Temos uma visão positiva acerca das iniciativas de controle de custos do Itaú, que mostram sinais de melhora, com despesas crescendo abaixo da inflação”, destacou o estrategista pessoa física do Santander, em relatório.

Entre os fatores que podem ajudar na valorização dos papéis estão o aumento das estratégias digitais do banco, além do crescimento do crédito e da retomada da economia. O preço-alvo do Santander para as ações do banco ao fim de 2022 está em R$ 40, o que sugere um retorno potencial de 31% em relação aos níveis atuais.

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