Tesouro Direto: prêmios dos títulos públicos avançam nesta 4ª com piora política; prefixados voltam a pagar perto de 11% ao ano

bailey aschimdt
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SÃO PAULO – A quarta-feira (8) começou agitada com o mercado local atento às repercussões entre políticos e ministros dos discursos feitos nesta terça-feira (7) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas manifestações, e ao cancelamento de agendas importantes para esta semana no Senado.

Para analistas, o discurso do presidente reforçou a crise político-institucional e isso pode ter impacto direto na agenda de reformas. Diante de um cenário de maior incerteza política e fiscal, o mercado de títulos públicos abriu com alta nas taxas na manhã desta quarta-feira (8), com destaque para os prêmios pagos pelos papéis prefixados.

O juro pago pelo título com vencimento em 2031, por exemplo, subia de 10,82%, na sessão anterior, para 10,94%, na primeira atualização do dia.

No mesmo horário, o prêmio do título prefixado com vencimento em 2026 era de 10,25%, contra 10,16% na última segunda-feira (6).

Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 4,92%, acima dos 4,86% vistos na sessão anterior. Da mesma forma, o juro real do papel com vencimento em 2035 e 2045 era de 4,77%, contra 4,70% registrados na segunda-feira à tarde.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (08): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IGP-DI

Na agenda local, o foco do mercado está na divulgação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI). Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o IGP-DI recuou 0,14% em agosto, percentual inferior ao apurado no mês anterior, quando o indicador avançou 1,45%.

Com o resultado, o índice acumula alta de 15,75% no ano e de 28,21% em 12 meses. Em agosto de 2020, por exemplo, o índice havia subido 3,87% e avançado 15,23% em 12 meses.

Para André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV, apesar da queda registrada no IGP-DI no mês passado, o índice mostrou que a inflação continua a pressionar a estrutura produtiva das empresas e o orçamento familiar.

Bolsonaro e cancelamento de agendas

Na cena política, o destaque está nos desdobramentos da fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Durante os protestos em Brasília e em São Paulo, o presidente repetiu ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes.

“Ou esse ministro [Alexandre de Moraes] se enquadra ou ele pede para sair”, afirmou Bolsonaro. Moraes é relator do inquérito das “fake news” no STF e tem proferido uma série de decisões negativas ao presidente e aliados.

“Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha”, completou Bolsonaro.

Diante da escalada das tensões entre os três poderes, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, cancelou a agenda da semana por considerar que não há clima para votações – pautas de interesse do governo, como a reforma do IR, não avançarão. Já o presidente do STF, Luiz Fux, deve se pronunciar oficialmente hoje, às 14h.

O discurso mais duro do presidente também pode respingar na aprovação da PEC dos precatórios. Após as falas de Bolsonaro, Darci de Matos, relator da PEC, e líderes de partidos reiteraram a visão de que o clima piorou com os atos de ontem e que uma saída mais fácil, via Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ganhou ainda mais obstáculos.

Isso porque, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, os ataques do presidente ao STF devem atrapalhar o acordo que vinha sendo negociado entre o governo e o Judiciário para reduzir o valor a ser pago com os precatórios, que são dívidas judiciais que o governo é obrigado a pagar. Em 2022, a conta chegou a R$ 89,9 bilhões, alta de quase R$ 40 bilhões em relação a 2021.

Ao jornal, Darci de Matos (PSD-SC) afirmou que “o acordo seria um caminho talvez mais curto, mas é isso aí, fazer o quê? Faz parte do jogo. Vamos na Câmara fazer a nossa parte e aprovar a PEC, ela resolve o problema sozinho.”

Cenário internacional

Na cena externa, as bolsas internacionais registram leve queda em meio a uma reavaliação global sobre o ritmo de retomada do crescimento econômico no pós-pandemia.

Nesta quarta-feira, o radar do mercado está centrado na apresentação do Livro Bege pelo Federal Reserve, que é o banco central americano, às 15h.

Investidores também acompanham a revisão de alguns indicadores da economia americana por grandes bancos de investimento. No fim de semana, o banco Goldman Sachs reduziu a projeção de avanço para o Produto Interno Bruto (PIB) americano em 2021.

Agora, o banco prevê crescimento de 5,7% para o PIB americano neste ano, abaixo do consenso de mercado de 6,2%. A instituição também reduziu sua perspectiva para a expansão do PIB no quarto trimestre de 6,5% a 5,5%.

Em nota, o banco afirmou: “Os obstáculos para o crescimento do consumo no futuro parecem muito maiores: a variante Delta já está pesando sobre o crescimento no terceiro trimestre, e a redução dos estímulos fiscais e uma recuperação mais lenta do setor de serviços devem trazer problemas no médio prazo”.

Já na Ásia, a economia do Japão avançou 1,9% no trimestre entre abril e junho, em comparação com o mesmo período do ano anterior, acima da estimativa inicial de expansão de 1,3%.

Para entender como operar na bolsa através da análise técnica, inscreva-se no curso gratuito A Hora da Ação, com André Moraes.

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