Motoboy negro detido no RS após agressão: PMs envolvidos no caso serão ouvidos nesta terça-feira

bailey aschimdt

Os quatro policiais militares envolvidos na abordagem e detenção de um motoboy negro após uma briga com um homem branco, no último sábado (17), em Porto Alegre, prestarão depoimento à Polícia Civil na tarde desta terça-feira (20). A informação foi confirmada pela delegada que investiga o caso, Rosane de Oliveira.

Everton Henrique Goandete da Silva, de 40 anos, foi detido pela Brigada Militar após ter sido agredido com um canivete. Ele acabou contido pelos policiais, enquanto o homem apontado por testemunhas como o agressor só foi detido posteriormente. A suposta diferença no tratamento aos envolvidos motivou protestos e críticas nas redes sociais.

“Tinha que pegar o indivíduo e, como ele (o policial) me pegou, fazer igual. Só que eles não fizeram isso daí. Foram para cima de mim como se eu fosse um saco de lixo. E eu não sou um saco de lixo. Eu sou um trabalhador como todo mundo que tem nessa rua, na rua de lá, na Zona Norte, Zona Sul, em todos os lugares”, afirmou Everton.

O que se sabe sobre o caso até agora
Homem negro detido diz que se sentiu ‘um saco de lixo’
Dois policiais foram afastados das atividades. Conforme o secretário de Segurança Pública do RS, Sandro Caron, a previsão é que os trabalhos sejam concluídos nos próximos dias. O governador Eduardo Leite pediu “celeridade” na apuração.

O advogado Fabio Silveira Rodrigues, que representa dois dos quatro PMs envolvidos, disse, em manifestação anterior, que “vai acompanhar atentamente a apuração dos fatos, para que a avaliação observe todos os matizes envolvidos, sem que a questão noticiada sobressaia sobre a técnica empregada”.

Em nota publicada no site oficial, a Polícia Civil afirmou que “estão em curso diligências e oitivas de testemunhas e, tão logo se encerre a apuração e todas as provas sejam coletadas, haverá o envio do inquérito para a Justiça”.

A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul informou que também apura o caso. A instituição expediu ofício solicitando informações sobre a abordagem.

Versões
Em depoimento à Polícia Civil, o homem branco, de 72 anos, alegou que existiria um conflito entre as partes. O idoso estaria incomodado com o barulho e a aglomeração dos motoboys no entorno do local em que mora.

Segundo o advogado de Everton, Ramiro Goulart, o morador teria jogado óleo de cozinha nos bancos que eles costumavam ficar sentados entre uma entrega e outra. Em outra oportunidade, o homem teria recolhido os assentos e levado para dentro da própria casa.

“Nunca houve desavença da parte dos motoboys em relação ao [homem branco], afirma o advogado Ramiro Goulart, que representa o motoboy.

Conforme o advogado, Everton prestou dois depoimentos na tarde de segunda-feira (19). Ele foi ouvido na sede do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), na sindicância que apura a abordagem dos PMs, e na 3ª Delegacia de Polícia (DP) da Capital.

À RBS TV, a delegada Rosane informou que deve indiciar o motoboy negro e o morador branco por lesão corporal.

“Efetivamente, vai ter o indiciamento de lesão corporal de ambas as partes, tanto do motoboy quanto do senhor, que feriram-se mutuamente. O outro delito [racismo na abordagem policial] ainda vai ser apurado”, diz.

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