Leia a íntegra da fala de Arthur Lira em defesa da Constituição

bailey aschimdt
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Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos as comemorações de 200 anos como nação livre e independente, não vejo como possamos ter ainda mais espaço para radicalismo e excessos. Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido.

Não me esqueço um minuto que presido o Poder mais transparente e democrático. Nossa casa tem compromisso com o Brasil real, que vem sofrendo com a pandemia, com o desemprego e a falta de oportunidades.

Na Câmara dos Deputados, aprovamos o auxílio emergencial e votamos leis que facilitaram o acesso à vacinação. Avançamos na legislação que permite a criação de mais emprego e mais renda. A Casa do povo seguiu adiante com as pautas do Brasil, especialmente as reformas. Nunca faltamos para com os brasileiros. A Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma Nação melhor para todos.

Os Poderes têm delimitações, o tal quadrado deve-se circunscrever seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página, assim como também vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão e à nossa prerrogativa de puní-los internamente, se a Casa com a sua soberania e independência entender que cruzaram a linha.

Conversarei com todos, e com todos os Poderes. É hora de dar um basta a esta escalada em um infinito looping negativo, bravatas em redes sociais, vídeos em um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia-a-dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a 7 reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada nas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia, estimula incitações e excessos.

Em tempo, quero aqui enaltecer a todos os brasileiros que foram às ruas de modo pacífico. Uma democracia vibrante se faz assim, com participação popular, liberdade e respeito à opinião do outro. Foi isso que inspirou Niemeyer e Lúcio Costa, quando imaginaram a Praça dos Três Poderes. Colocaram o Executivo, o Judiciário e o Legislativo no meio, equidistantes, mas vizinhos e próximos o suficiente para que hoje a gente possa se apresentar como uma ponte de pacificação entre Judiciário e Executivo.

E é este papel que queremos desempenhar agora. A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para serenarmos, para que todos possamos nos voltar ao Brasil real, que sofre com o preço do gás, por exemplo. A Câmara dos Deputados apresenta-se hoje como motor de pacificação. Na discórdia, todos perdem. Mas o Brasil, a nossa história, tem ainda mais o que perder. Nosso país foi construído com União e solidariedade, e não há receita para superar a grave crise sócio-econômica sem esses elementos.

Esta Casa tem prerrogativas que seguem vivas, e quer seguir votando e aprovando o que é de interesse público, e estende a mão aos demais Poderes para que se voltem para o trabalho, encerrando desentendimentos.

Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania. Que até lá tenhamos todos serenidade e respeito às leis, à ordem e principalmente à terra que todos amamos. Muito obrigado.

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