CPI mira reverendo da vacina e empresário da Covaxin nesta semana

bailey aschimdt
bailey aschimdt

A segunda temporada da CPI da Pandemia no Senado, que retoma os trabalhos nesta terça-feira, 3, depois do fim do recesso parlamentar, terá depoimentos de personagens importantes para o esclarecimento das tentativas de venda, ao Ministério da Saúde, de vacinas acima do preço de mercado. Há suspeitas de superfaturamento na compra de doses da AstraZeneca e da Covaxin. 

Para esta terça é esperado o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Senah, organização privada de filantropia que recebeu, em março passado, o aval do ministério para negociar até 400 milhões de doses da AstraZeneca

O valor ofertado pelo reverendo no início do ano ao governo era de 17,5 dólares por cada dose, três vezes mais do que outras vacinas compradas pela pasta da Saúde alguns meses antes. Em mensagens colhidas no celular do cabo da PM de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti, o agente que tentava vender vacinas ao governo comemora o acesso do reverendo ao alto escalão do governo federal por meio de relacionamento do religioso com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.  

No dia seguinte, quarta, 4, estava previsto o depoimento do empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa que também negociou doses para o governo federal. Nesse caso, as doses eram do imunizante indiano Covaxin. O depoimento, contudo, foi adiado, ainda sem data definida. 

LEIA TAMBÉM: Comunicação do Ministério da Saúde na pandemia pode entrar na mira da CPI

Maximiano seria o responsável por negociar as vacinas com a empresa indiana e oferecê-las ao governo federal. O governo não chegou a pagar pelas doses, mas separou o dinheiro. Diante das suspeitas, o Ministério da Saúde encerrou o contrato. 

Os senadores querem entender a relação entre a representante comercial brasileira e o laboratório asiático, que não está clara, ainda mais agora que a Bharat Biotech, responsável pela produção da Covaxin, encerrou seu contrato de representação com a Precisa.  

Maximiano mandou avisar à CPI que não está no Brasil– estaria em viagem de negócios na Índia. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, chegou a ameaçar de prisão o empresário caso ele não aparecesse para falar nesta quarta. No fim do dia, contudo,  os membros da CPI decidiram postergar a oitiva com Maximiano.

Na quinta, 5, a CPI pretende ouvir um outro funcionário da Precisa, chamado Túlio Silveira, cuja assinatura consta como testemunha no contrato de aquisição de doses firmado entre o Ministério da Saúde e a representante comercial. 

Compartilhe esse Artigo