Chorando, reverendo que negociou vacinas pede perdão à CPI

bailey aschimdt
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O reverendo Amilton Gomes de Paula, chefe de uma organização filantrópica que tentou negociar vacinas com o governo federal no início do ano, conseguiu segurar a pressão durante boa parte do depoimento que presta desde a manhã desta terça-feira, 3, à CPI da Pandemia

Ele conseguiu dar evasivas para a maioria das questões dos senadores e não explicou ainda o porquê de ter se associado a supostos vendedores de vacinas. Também não disse quem efetivamente lhe abriu portas no Ministério da Saúde, e nem a troco de quê. 

No meio da tarde, o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) conseguiu o que a maioria oposicionista na comissão não tinha conseguido ainda, que foi tirar do reverendo alguma declaração que indicasse que ele fazia parte de algo que ele sabia ser fraudulento.  

Irritado, Marcos Rogério perguntou ao depoente como ele “caiu de paraquedas” na negociação da vacina com o governo e, sem ter a resposta, começou uma intervenção que terminou no choro do reverendo e um pedido de perdão. 

“Eu estou na dúvida cruel porque eu não sei se vossa senhoria foi enganado ou se faz parte de uma tríade de golpistas”, bradou. 

“Eu prefiro crer, até em nome da fé que lhe move e me move também, que vossa senhoria tenha sido vítima, tal qual foram outros servidores e pessoas de bem que tenham sido usadas”, disse o senador, que continuou e ainda pediu um mea culpa do religioso.

“Que isso tenha sido um grande equívoco. Que vossa senhoria tenha faltado com cautela, diligência, prudência e vigilância. Se foi tudo isso o que aconteceu, eu não pediria mais nada, apenas que reconhecesse e pedisse perdão a aqueles que foram induzidos pela boa fé que tinham em vossa senhoria por aquilo que vossa senhoria representa enquanto autoridade eclesiástica”, disse Rogério. 

O reverendo já estava com os óculos embaçados quando começou a responder ao senador. Quando esboçou contar a história da sua vida e a criação em uma família religiosa, o depoente caiu em lágrimas e decidiu pedir perdão ao Brasil e aos parlamentares presentes. 

Ele disse que se arrependeu de ter conhecido os intermediários que ofereciam vacinas ao governo federal. E disse que foi movido por um desejo de acelerar a vacinação no país porque teria perdido um parente próximo para a Covid-19. 

“O maior erro que eu fiz foi abrir a porta da minha casa em Brasília no momento em que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família e eu queria a vacina do Brasil”, disse o reverendo com a voz embargada.   

“Eu peço desculpa ao Brasil porque o que eu cometi não agradou aos olhos de Deus. Se eu pudesse voltar atrás, eu voltaria. Eu peço perdão a todos os senadores, aos deputados. Quem me conhece sabe que jamais fraudei ou tirei algo de alguém”, disse.

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